VENTO, AREIA E AMORAS BRAVAS (DENTES DE RATO II).
A obra de que vos vamos falar hoje é Vento, Areia e Amoras Bravas, que é escrito no seguimento de Dentes de Rato, sendo por isso a segunda parte deste, um conto infantil publicado em 1990, pela Guimarães Editores, com ilustrações de Mónica Baldaque, filha da escritora.
Este livro trata-se de uma nota autobiográfica ficcional, centrada, como na primeira parte, na história de Lourença, reunindo novas pessoas, lugares e acontecimentos que marcam a vida desta personagem. Esta segunda parte de Dentes de Rato, da história de Lourença, é marcada também por influências da infância da escritora, acompanhando agora o crescimento da personagem principal.
Recordamos que “Dentes de Rato” é, precisamente, o nome dado a Lourença, figura central deste conto (para ficar a saber mais sobre o porquê deste nome pode “revisitar” o anterior artigo aqui: https://uf-bagunte-ferreiro-outeiro-parada.pt/pages/noticia/336/Recordar_Augustina_Bessa-Lu%C3%ADs#init .
Nesta obra não encontramos, diretamente, referências a locais da nossa União de Freguesias. Aqui a autora deixou-se influenciar mais pelas suas vivências na cidade da Póvoa de Varzim, sendo a ilustração da capa uma tenda na praia e tendo denominado um capítulo por “Casinos” e nele fazendo várias referências a vários espaços da cidade, como a Rua da Junqueira ou a Avenida dos Banhos e, claro, ao Casino da Póvoa, que conheceu bem pelo motivo de o seu pai ter sido concessionário deste espaço algum tempo.
Contudo, podemos encontrar referências a pessoas associadas à Quinta de Cavaleiros. A determinada altura a escritora refere «a cantiga de David, caseiro de Cavaleiros e bom tangedor de viola, não dava muito certo com a realidade:
“Há duas coisas na vida
que não posso compreender:
um padre ir pro inferno
e um médico morrer.”» (p. 40)
Cantiga popular que, muito provavelmente, poderá mesmo ter aprendido nos seus tempos passados em Cavaleiros.
Mais à frente encontramos outra referência a pessoas associadas a Cavaleiros e a ditos populares. Diz-nos a autora que, a propósito de uma expressão utilizada para se fazer referência a algo velho, a algo do antigamente, «Miguel e Emília de Cavaleiros diziam “os afonsinhos”, mas isso entendia-se logo que eram os reis da primeira dinastia» (p.72-73).
Se na primeira parte de Dentes de Rato encontrávamos referências aos locais e até algumas descrições dos mesmos, agora temos referências a influências relacionadas com pessoas e ditos populares. Isto falando das menções mais diretas, porque influências menos diretas, com certeza que as há também.
Ficou curioso? Acompanhe-nos nesta nossa viagem pela obra de Agustina, rumo ao centenário.
No próximo dia 15 de janeiro a obra escolhida é “Contos Amarantinos”.
Bibliografia
BESSA-LUÍS, Agustina – Vento, Areia e Amoras Bravas. Il. Mónica Baldaque. Lisboa: Guimarães Editores, 1990.